Minha coluna publicada no Jornal Mogi News nesta terça-feira fala sobre a decisão do governo de criar a cédula de duzentos reais.
Caderno Cidade –
04/08/2020
R$ 200,00
Em plena pandemia que tem vitimado mais de mil pessoas ao
dia, que em 3 de agosto já contava com mais de dois milhões e setecentos mil de
diagnósticos de Covid-19 e quase 95 mil mortos, com o desemprego em alta
intensa, pequenas e médias empresas (as que geram mais empregos) quebrando, era
de se imaginar que o governo, principalmente sua área econômica, estaria
anunciando medidas para amenizar os efeitos dessa imensa crise.
Porém, não é isso que está acontecendo. É apavoradora a
inércia do governo nesse sentido. Além do empenho para colocar em dúvida a
letalidade do coronavírus e promover o uso de medicamentos que têm eficácia
para Covid-19 questionada por vários estudos podendo causar efeitos colaterais
sérios e estimular as pessoas a desobedecerem as orientações de especialistas e
autoridades para a contenção da contaminação a partir do mau exemplo dado pelo
presidente, o governo não fez mais nada de relevante. Até a ajuda emergencial
só está acontecendo no valor de 600 reais por iniciativa do Congresso, já que o
governo queria essa ajuda no valor de R$ 200,00.
Mas eis que de repente o governo, através do Banco Central
(BC), apresenta um projeto inusitado. Sob a justificativa de cortar custos, o
BC anunciou o lançamento da cédula de R$ 200,00. Detalhe, menos de 10% dos
brasileiros carregam notas de cem reais.
Tal decisão está na contramão do debate que tem sido feito em
diversos países. Na União Europeia, onde se convive com a circulação de notas
de 500 euros, a principal discussão considera a possibilidade de tirar essas
notas de circulação como forma de se combater a lavagem de dinheiro. Quanto
maior é o valor da cédula, mais fácil é o transporte e a omissão dos valores.
Diante do anúncio do BC, um doleiro condenado da Lava Jato
fez o seguinte comentário: “Muito mais fácil de carregar”. Os quinhentos mil,
um milhão e demais valores que circulavam e circulam por aí não demandariam
malas e mochilas grandes. A foto dos 51 milhões de reais encontrados no
apartamento do ex-ministro Geddel Vieira Lima não causaria o mesmo impacto,
pois o espaço ocupado pela quantia seria muito menor.
Vai facilitar a vida daqueles que praticam as famosas
rachadinhas administradas pelo Queiroz e cia. Também facilitará muito a vida
daqueles que costumam comprar coisas valiosas com dinheiro vivo. Por exemplo:
Ana Cristina, ex-mulher do presidente que comprou 14 imóveis enquanto foi
casada com ele, parte deles em dinheiro vivo, carregaria menos peso no momento
de fazer essas transações.
Pois bem, para o povo, para a sociedade tal medida não
acrescenta nada. Mas corruptos, sonegadores e crime organizado devem estar em
festa.
AFONSO POLA é sociólogo e professor
(afonsopola@uol.com.br)
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