ROSILDA M. DE REZENDE Prof.ª do 5°Ano B (regular),
9ºC, 2ºB e 3ºB projetos INOVA( Eletivas)
Autoria no final do artigo. Boa Leitura...
"Minha coluna
publicada no Jornal Mogi News nesta terça-feira fala sobre uma parte triste da
nossa história que não foi superada."
Caderno Cidade – 14/07/2020
Correntes do passado
Que o Brasil foi o último país das Américas a abolir a
escravidão é do conhecimento público. No entanto, é importante ressaltar que a
abolição da escravatura em nossa pátria não quebrou todas as correntes. Em
pleno século XXI ainda estamos presos a determinados aspectos do nosso passado.
O preconceito racial não só resiste ao tempo, como tem se
fortalecido nos dias de hoje. Está mais do que claro que vivemos um momento de
muitos retrocessos em relação aos avanços conquistados com muita luta nas
últimas décadas.
Já se passaram 132 anos desde a assinatura da Lei Áurea e
o Brasil ainda convive com a exploração de trabalho forçado. Só em 2019, o
Brasil teve mais de mil pessoas resgatadas. Segundo estimativa da organização
não-governamental internacional Walk Free, o Brasil tinha, no mesmo ano, cerca
de 155 mil pessoas nessa situação.
Falta punição mais severa. Temos apenas algo em torno de
quatro dezenas de casos que resultaram em condenações criminais por conta de
trabalho escravo contemporâneo desde 1995, quando milhares de estabelecimentos
rurais e urbanos foram fiscalizados por denúncias relativas a esse crime e 42
mil trabalhadores libertados. Não é do conhecimento público a informação de
empregador que tenha cumprido pena na cadeia após sentença transitada em
julgado.
A ausência de punição rigorosa acaba incentivando a
prática criminosa. Não é à toa que, pela primeira vez desde o início do
registro dessas operações, a maior parte dos trabalhadores foi resgatada em
estabelecimentos urbanos. Nesse caso, o setor de construção civil é o maior
responsável pelas ocorrências. Se bem que, no caso de São Paulo, são inúmeros
os casos no setor da indústria de confecção. As denúncias envolvendo marcas
como Zara, Collins, Pernambucanas, Marisa, C&A, M. Officer entre outras,
são sintomáticas.
São centenas de pessoas físicas e jurídicas que integram
Lista Suja. No entanto, a pressão de alguns segmentos produtivos,
particularmente do setor do agronegócio, para o abrandamento da caracterização
desse tipo de exploração permanece. De outro lado, o desaparelhamento da
estrutura de fiscalização, provocado pela redução de pessoal e de recursos, tem
contribuído e muito para a prática.
E que fique bem claro, esse é mais um fato que afeta
negativamente nossa imagem mundo afora.
AFONSO POLA é sociólogo e professor (afonsopola@uol.com.br)
A leitura é o caminho para o conhecimento, nos coloca a par do desconhecido.
ResponderExcluirA Leitura transforma...
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