Minha coluna publicada no Jornal Mogi
News nesta terça-feira faz algumas considerações sobre as eleições de 2020. (Autoria no final do artigo)
Caderno Cidade –
20/10/2020
Eleição 2020
Estamos muito próximos da eleição
mais atípica das últimas décadas, quem sabe da nossa história. Uma eleição que
teve todo seu calendário alterado em função da pandemia, assim como também foi
profundamente alterada a sua dinâmica. As campanhas, na maior parte dos casos,
não ganharam as ruas e ficaram restritas ao mundo virtual.
Mas olhando para as redes sociais é
também possível perceber que muita gente está muito pouco informada sobre
outras particularidades dessa eleição. Porque o número de candidatos saltou de
395 em 2016 para 584 em 2020, quantos votos o partido precisa ter para eleger
cada vereador, o que é quociente eleitoral e como ficam as coligações são
alguns exemplos de situações que ainda não estão muito claras para boa parte
dos eleitores.
No caso do expressivo aumento no
número de candidatos nesta eleição (o aumento foi da ordem de 47,8%) isso foi
causado basicamente pelo fim das coligações partidárias para as eleições
proporcionais. A coligação ainda existe para cargos majoritários (presidente,
governador e prefeito), mas não para vereadores e deputados. Cada partido
lançou o maior número de candidatos possível para buscar eleger seus
representantes. Lembrando que já vigora a exigência de que o vereador para ser
eleito, deve ter um número de votos de no mínimo 10% do quociente eleitoral.
Esse aumento também está relacionado
ao chamado quociente eleitoral que é o número de votos que o partido precisa
para eleger cada um dos seus representantes (antes era a coligação). Como ele é
calculado? Pega-se o número total de votos válidos (votos em candidatos e
legendas excluindo-se os brancos e nulos) e divide pelo número de cadeiras (23
em Mogi). O resultado é o número de votos necessários para se eleger cada
representante. Em 2016, o quociente eleitoral foi um pouco superior a 9 mil.
Neste ano esse quociente deve ser inferior aos 8 mil votos, pois deve aumentar
muito as abstenções (principalmente dos idosos por conta da Covid-19) e também
deve aumentar o número de votos brancos e nulos pelo desânimo das pessoas com a
política e, no caso de Mogi das Cruzes, pelos últimos acontecimentos envolvendo
parte da câmara municipal.
Outro fator que deve chamar bastante
a atenção na eleição de Mogi das Cruzes é o provável índice de renovação na
câmara municipal. Dos 23 vereadores atuais, sete deles não devem concorrer ou
vão disputar outro cargo. Além disso, os vereadores afastados e que estão sendo
investigados naturalmente devem sofrer forte desgaste correndo o risco de não
se reelegerem. E a contar pelo número de candidaturas fortes de mulheres é
possível que tenhamos várias delas na câmara.
Como eu disse no início do artigo,
estamos diante da eleição mais atípica das últimas décadas, quem sabe da nossa
história, onde o universo virtual nunca foi tão real.
AFONSO POLA é sociólogo e professor